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terça-feira, 31 de agosto de 2010

Inveja ou Ignorância?

Caros leitores. Sou gaúcha e vivo há uns sete anos no Paraná. Nesse meio tempo, ouvi cada absurdo... Uma das coisas que mais me chocou, além do preconceito xenofóbico dos paranaenses, sobretudo dos curitibanos, que já convivem com imigrantes de muitos estados brasileiros, foi a ignorância desse povo quanto ao nosso estado. E não digo ignorância no sentido pejorativo, mas sim no sentido literal da palavra. Eles desconhecem totalmente nosso estado, nossa história, e saem falando asneiras por ai.
Para vocês terem noção, toda a vez que eu mostrava cartões postais da nossa capital para amigos daqui, eles se surpreendiam e perguntavam: “Nossa... Porto Alegre é urbanizado? Lá têm prédios, empresas, rua asfaltada?” Eles acham que no RS só existem fazendas, que os gaúchos todos andam pilchados e à cavalo.
Infelizmente, a imagem que grande parte do Brasil tem do nosso estado foi aquela transmitida no seriado “A Casa das Sete Mulheres”. O povo não se atenta à época da Guerra dos Farrapos para o momento que vivemos hoje. Sinceramente, não me assustaria se mais ao norte do Brasil encontrasse pessoa que pensassem que nosso estado ainda está em guerra!!!
Para que fique bem claro, nosso estado é sim urbanizado e industrializado, representando a quarta maior economia do país, ficando atrás apenas de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais. Somos ricos não somente na agricultura (soja, milho, mandioca, cana-de-açúcar, uva, trigo, maçã, fumo, alho...) e na pecuária (aves , bovinos, suínos, ovinos, eqüinos, bubalinos) mas também no extrativismo (madeira, lenha, noz de pinho , madeira de pinheiro, erva-mate, carvão vegetal, pinhão ...) , na mineração (areia e cascalho, pedra britada, carvão, calcário , argila,água mineral ...) .e na indústria (produtos alimentícios, metalurgia, indústrias mecânica, química, farmacêutica, de vestuário, de calçados e imobiliária). Além disso, somos ótimos exportadores – arrecadamos cerca de US$ 8 Bilhões por ano nessa atividade. Nossa economia representa aproximadamente 9% do PIB do PAÍS (lembrem-se: o Brasil tem 26 estados mais o Distrito Federal). Somos, ao todo, mais de 10 milhões de gaúchos que trabalham duro e arrecadam impostos para manter, em grande parte, programas de auxílio à pobreza dos estados mais ao norte do nosso grande país.
Então, leitores, eis a minha indignação: o preconceito de pessoas ignorantes, que abrem a boca para fazer piadinhas maldosas de gaúchos, mas desconhecem nossa raça, nossa força e nossa história! E sabe o que é pior de tudo? O estado do Paraná foi, em grande parte, colonizado por gaúchos tropeiros que levavam gado xucro (conhecido pelos índios como Chimarron) do nosso estado para São Paulo e para Minas Gerais e, enquanto passavam pelo território deserto desse estado, iam se apropriando de terras e construindo famílias. Engraçado né?! Nossos herdeiros enchem a boca para dizer que gaúchos são homossexuais...
É por isso que, podem até me chamar de louca, mas em certos momentos sou a favor do movimento separatista!
“É o meu Rio Grande do Sul, céu, sol, sul, terra e cor...”


texto de: Taimara Marcon

Mulheres gauchas ou não são todas iguais

Música tradicionalista

domingo, 29 de agosto de 2010

Um conto Gaúcho



Retorno bravo

Ubirajara Raffo Constant
gentileza de Carlos Bolli Mota

Ali na porta do rancho, junto ao cusquito nervoso,
o velho guasca orgulhoso olhava o filho partir.
Também desejava ir com a mesma disposição,
levando a lança na mão, p'ra se unir aos farroupilhas
e pelear pelas coxilhas em defesa do rincão.

Porém já velho e arquejado perdera a força no braço,
tinha no lombo o cansaço do peso de muitos anos,
mas era um dos veteranos com orgulho do passado,
por ter a lança empunhado combatendo os castelhanos.

Que gana tinha de ir, aquele velho guerreiro,
de novo para o entrevero como gaúcho pelear,
mas ficava a se orgulhar que embora velho e cansado
tinha um filho ja criado partindo no seu lugar.

E ali na porta do rancho, cheio de orgulho e pesar,
viu o filho se afastar com garbo e disposição,
montando um flor de alazão, o laço preso nos tentos,
o poncho revoando ao vento e a lança firme na mão.

Depois, com a estrada deserta, a noite foi se chegando,
o pampa foi silenciando nas grotas e nos banhados
e o velho guasca cansado no catre foi se arrimando,
em silêncio memoriando entreveros do passado.

Assim, a poeira dos dias cobriu o catre vazio
do paisano que partiu do rancho para a guerrilha,
levando na alma caudilha de guasca continentino,
a fibra, a glória e o tino de campeador farroupilha.

Já muitos dias depois um xirú trouxe a notícia:
- A farroupilha milícia em que seu filho marchou
peleando se dizimou. Morreram mas não recuaram
e entre os bravos que tombaram dizem que o moço ficou.

Num sentimento profundo o velho ficou calado,
mas o seu rosto enrugado não pode a dor esconder,
deixando livre correr, do fundo da alma ferida,
uma lágrima sentida que ele não pode conter.

Tristonha caiu a noite e mais triste a madrugada.
Latia ao longe a cuscada, na quincha gemia o vento,
e sem dormir um momento, ali no catre estirado,
o velho ficou atado na soga do pensamento.

Lembrou o filho em criança
correndo o pampa em retoço,
a melena em alvoroço soprada ao vento pampeano.
Recordou ano por ano até que o piá ficou moço
e ali da porta do rancho partiu p'ra revolução,
montando um flor de alazão,o laço preso nos tentos,
o poncho revoando ao vento e a lança firme na mão.

Estava assim recordando, quando lá fora um gemido
lhe fez apurar o ouvido e despertar-lhe a atenção.
E quando ouviu uma mão, naquela hora tão morta,
forcejar de encontro a porta como querendo arrombá-la,
sua visão ficou clara, voltando-lhe a luz e o brilho;
num ímpeto caudilho a porta abriu com vigor
e estarreceu-se de horror ante a figura do filho.

Cambaleante, ensangüentado,
as vestes feitas em frangalhos,
o corpo cheio de talhos dobrado pelo cansaço,
já sem força em nenhum braço, já sem poder ver direito,
e com o meio do peito aberto por um lançaço.

Fitando os olhos do filho o velho ficou calado.
Estarrecido, espantado, vendo-o ali em sua frente.
Então gritou gravemente: - Meu filho, por que voltaste?
Por que?
Por que não tombaste onde tombou nossa gente?
Maldito sejas, covarde, tu já não és mais meu filho!
Não tens o sangue caudilho, não agüentaste o repuxo,
deixaste teus companheiros, fugiste dos entreveros,
tu já não és mais gaúcho!

Então a face do guasca que peleando não tombou,
como um lançaço estampou a ira do coração.
Prostrando-se rudemente, naquele gesto inclemente,
desfalecido no chão, o moço sentindo a morte
roubar-lhe o sopro da vida, com a alma triste e ferida,
ali prostrado no chão, sem rancor no coração
olhou para o pai a seu lado, e já num último brado
fez a brava confissão:

- Meu pai, eu não fui covarde,
honrei meu poncho e minha adaga,
fiquei coberto de chagas mas agüentei o repuxo.
Fui valente, fui gaúcho, peleei com todo o ardor,
e se aqui vim escondido foi p'ra salvar do inimigo
o pavilhão tricolor.

Abrindo a camisa ao peito, tirou em sangue banhado
aquele trapo sagrado que até o fim defendeu,
e beijando-o estendeu ao pai, num último esforço,
e depois, curvando o dorso, o bravo guasca morreu.

sábado, 28 de agosto de 2010

Gauchada

Pois é... Isso das pessoas de outros estados terem uma rija com com o Rio Grande do Sul pode ser sim uma certa "invejinha". Afinal daqui sairam e saem grandes nomes que ganharam e ganham o país e o mundo. Às vezes quando me vejo a pensar nisso lembro de questões históricas: nosso estado foi um dos únicos a brigar pelo seu território e interesses e, por um tempo, ser independente. Outro fato que seguidamente comento com familiares é que houve um tempo que a atual Brigada Militar teve um efetivo maior que o do Exercito Brasileiro e na Revolução de 30 garantiu a posse do então presidente Getúlio Vargas (sim, os brigadiano se bandearam pro Rio pra fazer a segurança do conterrâneo). Acho que por essa e outras nosso povo rio-grandense criou esta identidade com a terra e as coisas daqui, bem como algumas características marcantes como a garra, a força e o nativismo. Digo e direi a vida toda que é preciso ter amor pelo sua gente, pelo Brasil, é claro, mas principalmente pela mãe terra gaúcha.
"Sirvam nossas façanhas de modelo à toda a Terra"

Quem fala o que quer ouve o que não quer

Todos sabemos que pessoas vindas de outros estados tem uma certa fobia perante nós gaúchos.Não sei o motivo, mas nas partes mais a cima do Brasil o povo pensa que nos achamos superiores ou algo do gênero, muitas vezes sem realmente conhecer alguém aqui do sul do país.
Na maior parte das vezes o que eu vejo não é um gaúcho dizendo diretamente que é o melhor, mas sim se defendendo de alguma discriminação vinda de alguém de outros estados. Como por exemplo dizendo que o povo daqui é homossexual ou que somos retardados por cultuar a nossa tradição.
Acho que isso é um pouco de inveja de quem não tem alguma tradição tão forte quanto a nossa para preservar, de pessoas que não tem o orgulho de cantar o hino do seu estado, de alguém que não sabe o que é amar com todas as suas forças a terra onde nasceu. Pessoalmente não tenho nada contra os outros estados mas não gosto de ser chamado de algo que não sou.Eu como muitos da minha terra não saio falando que o RS é melhor do nada, mas quando falam mal do meu estado sou o primeiro a dizer isso para defender o pago onde nasci.Se vocês que nasceram em outros lugares do país não gostam de ouvir que o povo daqui é melhor, mais guerreiro ou algo do tipo não cheguem para nós com ofensas pois quem fala o que quer ouvi o que não quer.